ISSN 1676-1014 | e-ISSN 2595-1769

Volume 25 - Número 4

Editorial
Diagnóstico de tuberculose latente em pediatria: uma reflexão sobre o papel dos IGRAs

Ana Alice Amaral Ibiapina Parente1

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(4):136-137
Palavras-chave:
Artigos de Revisao
Papel dos IGRAs no diagnóstico de tuberculose latente na população pediátrica: Uma revisão integrativa

Edson Teixeira Barbosa Filho1; Maria Eduarda Miranda Grigorio1; Victor Bruno de Lima Galvão1; Tatiana Pimentel de Andrade Batista1

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(4):138-147
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JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A infecção latente por tuberculose (ILTB) contribui consideravelmente para o aumento na incidência de tuberculose ativa. As crianças, além de apresentarem maiores chances de converterem o patógeno adormecido em doença ativa, se deparam com outras situações de risco relacionadas à faixa etária, como comorbidades, desnutrição e imaturidade imunológica. Dessa forma, objetivou-se avaliar o papel do Teste de Liberação de Interferon-gama (IGRA) como ferramenta diagnóstica aplicada a crianças em diferentes contextos epidemiológicos.
MÉTODOS: Estudo de revisão integrativa, utilizando a base Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) na busca das publicações.
RESULTADOS: Foram selecionados 18 estudos publicados entre 2019 e 2024, com foco no diagnóstico da ILTB na população pediátrica. Predominou o uso de estudos de corte, ensaio clínico e estudos transversais. A maioria dos estudos destacou a eficácia superior do teste IGRA em comparação à prova tuberculínica, especialmente em crianças vacinadas com o bacilo de Calmette e Guérin (BCG) e grupos imunossuprimidos. Fatores como imunização, variabilidade diagnóstica e contexto epidemiológico influenciaram os resultados dos testes, ressaltando a importância de métodos diagnósticos mais precisos para melhorar a triagem e tratamento em diferentes populações.
CONCLUSÃO: Métodos diagnósticos precisos, como o IGRA, são fundamentais para melhorar a detecção de ILTB na população pediátrica nos diferentes contextos epidemiológicos estudados.

Palavras-chave: Testes de Liberação de Interferon-gama; Tuberculose Latente; Crianças
Artigo Original
Comprometimento renal em pacientes pediátricos internados com infecção confirmada por SARS-COV-2

Manoela Valente Costa1; Nilzete Liberato Bresolin2,3; Emanuela Rocha Carvalho2,4

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(4):148-154
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INTRODUÇÃO: A Covid-19 é um problema de saúde pública que pode resultar em envolvimento multissistêmico e acometer os rins de diversas formas. O objetivo deste estudo é descrever os principais fatores relacionados ao acometimento renal em pacientes pediátricos infectados por SARS-CoV-2 em Santa Catarina, Brasil, no período de 2020 a 2021.
MÉTODOS: Estudo observacional, descritivo com casos pediátricos internados em hospital pediátrico com infecção pelo SARS-CoV-2 confirmada, entre março de 2020 e março de 2021 (CAAE: 39497720.8.000).
RESULTADOS: No período, foram confirmados 94 casos de pacientes internados com Covid-19. O sexo prevalente foi o masculino (62,77%); a média de idade foi de 4 anos e 10 meses; e a mediana 2 anos e 11 meses. Mais da metade dos pacientes possuíam comorbidades (55,32%) e manifestações gastrointestinais foram comuns (52,12%). Observou-se hematúria em 11 (26,19%) e proteinúria em 25 (59,52%) dos 42 casos (55,26%) com alteração renal. Solicitou-se creatinina em 66 casos; 18 (27,27%) apresentaram alteração sérica e 13 (19,70%), lesão renal aguda. Os fatores associados ao desfecho foram: tempo de internação, uso de drogas nefrotóxicas e necessidade de ventilação mecânica e drogas vasoativas. A letalidade foi de 2,13%.
CONCLUSÕES: Este trabalho ressalta a importância da avaliação renal nos pacientes com Covid-19, além de identificar o uso de drogas nefrotóxicas e vasoativas, tempo de internação e necessidade de ventilação mecânica como fatores que possam estar associados à lesão renal aguda.

Palavras-chave: COVID-19; Injúria Renal Aguda; Hematúria
A relação entre casos notificados de hepatite A e cobertura vacinal no Brasil: um estudo ecológico

Lucas Fornaziero1; Maria Bárbara Todisco Freitas1; Maria Eduarda Andrade Luciano1; Lourdes Conceição Martins1; Katucha Rocha de Almeida Farias1; Maria Célia Cunha Ciaccia1

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(4):155-160
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INTRODUÇÃO: No Brasil há uma queda nos níveis de infecção pelo vírus da hepatite A, devido a melhoria do saneamento básico, crescente urbanização populacional e vacinação universal das crianças, embora ainda haja surtos isolados da doença.
OBJETIVO: Relacionar a incidência de casos notificados de hepatite A com a cobertura vacinal durante o período de 2014 a 2022.
METODOLOGIA: Estudo ecológico com dados obtidos em acesso ao Ministério da Saúde pelos Boletins Epidemiológicos de Hepatites Virais e pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, sobre a incidência da infecção pelo vírus da hepatite A e cobertura vacinal da hepatite A no período de 2014 até 2022.
RESULTADOS: A cobertura vacinal apresentou uma heterogeneidade no período analisado e entre as regiões estudadas, sendo que os anos de 2014, 2016 e 2021 apresentaram a menor cobertura vacinal nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. No período analisado, a Região Sudeste apresentou aumento de casos confirmados de hepatite A ao longo dos anos; em contrapartida, nas outras regiões houve redução do número de casos. Na correlação entre cobertura vacinal e taxa de incidência da hepatite A, a Região Nordeste apresentou correlação inversamente proporcional e significativa, tendo um aumento na cobertura vacinal e diminuição dos casos de hepatite A, o que não aconteceu nas outras regiões analisadas. Há, ainda, grande heterogeneidade de comportamento temporal em cada uma das faixas etárias.
CONCLUSÃO: Houve grande heterogeneidade na relação entre os casos notificados de hepatite A e a cobertura vacinal no Brasil.

Palavras-chave: Hepatite A; Cobertura vacinal; Incidência; Estudos soroepidemiológicos; Vacina contra hepatite A
Revisão Sistemática
Existe relação entre o uso excessivo do telefone celular e o desenvolvimento de esotropia concomitante aguda adquirida entre crianças e adolescentes? Uma revisão sistemática

Luan Nascimento Lázaro1; Katucha Rocha de Almeida Farias1; Maria Célia Cunha Ciaccia1

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(4):161-166
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INTRODUÇÃO: A esotropia concomitante aguda adquirida (AACE) é uma condição ocular caracterizada por desvio convergente dos olhos, concomitante, o qual ocorre repentinamente. Desenvolve-se ao longo da vida e parece ser precipitada pela exposição prolongada a dispositivos móveis.
OBJETIVO: Investigar a possível correlação entre o uso excessivo de telefones celulares e o desenvolvimento de AACE em crianças e adolescentes.
MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática com estratégia de busca por estudos publicados e indexados nas bases de dados MEDLINE via Pubmed, Scielo e Lilacs durante o mês de agosto de 2024. Os descritores utilizados foram: (Smartphone and strabismus) or (Cell phone and strabismus) or (Smartphone and esotropia) or (Cell phone and esotropia) or (Smartphone and exotropia) or (Cell phone and exotropia). O desenho da revisão segue a estratégia PECO: P = crianças e adolescentes, E= uso excessivo de smartphone/ cell phone C= Não uso excessivo de smartphone/ cell phone e O = esotropia concomitante aguda adquirida.
RESULTADOS: Foram recuperados 86 artigos em total, através de uma busca sistemática em três bases de dados bibliográficas: MEDLINE (n= 70), LILACS (n= 13), e Scielo (n= 3). Ao final da análise, cinco estudos foram considerados elegíveis para inclusão na presente revisão sistemática.
CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo sugerem associação entre o uso prolongado de dispositivos móveis e o desenvolvimento de AACE em crianças e adolescentes. No entanto, é fundamental realizar mais estudos para melhor compreender os mecanismos subjacentes a essa associação.

Palavras-chave: Telefone Celular; Smartphone; Estrabismo; Esotropia; Exotropia
Relato de Caso
Paralisia facial periférica associada a estenose de canal auditivo interno: relato de caso em paciente pediátrico

Thalia Almeida da Silva1; Isaías Sobral Soares2; Brenda Klemm Arci Mattos de Freitas Alves3; Stella de Aparecida Ederli Pinto dos Santos3

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(4):167-171
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INTRODUÇÃO: A estenose do canal auditivo interno (ECAI) é uma condição que pode levar a hipoplasia ou aplasia dos nervos cranianos que passam por esta estrutura – os nervos vestibulococlear e facial. O acometimento mais comum é a hipoacusia neurossensorial, sendo a paralisia facial periférica (PFP) mais rara.
OBJETIVO: Descrever caso raro de PFP progressiva devido a ECAI em paciente pré-escolar atendido pelo ambulatório de pediatria de um hospital universitário do Rio de Janeiro.
DESCRIÇÃO DO CASO: Pré-escolar de 3 anos, nascido de parto vaginal, sem intercorrências gestacionais. Na triagem neonatal, apresentava exame de Emissões Otoacústicas Evocadas alterado à direita. Apresentou atraso nos marcos de desenvolvimento da linguagem, com atraso de fala associado a distúrbio articulatório da fala (com troca e omissão de fonemas). Evoluiu com PFP progressiva à direita que, ao exame físico, era classificada como grau IV na Escala de House-Brackmann. A ressonância magnética evidenciou conduto auditivo interno direito hipoplásico, e nervos facial e vestibulococlear direitos hipoplásicos sem curso no interior do conduto auditivo interno. Foi solicitada a realização de Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico que evidenciou perda auditiva completa do ouvido direito.
DISCUSSÃO: Deve-se suspeitar de ECAI em pacientes que apresentam hipoacusia neurossensorial e PFP ipsilaterais. No caso relatado, observou-se que malformações das estruturas do ouvido interno, olhos e rins podem estar associadas ao quadro descrito. A hipoacusia, em crianças, pode promover complicações como atraso no desenvolvimento na linguagem e dificuldade escolar.

Palavras-chave: Perda Auditiva Neurossensorial; Paralisia facial; Doenças do Nervo Vestibulococlear
Tumor congênito de mediastino: Um relato de caso

Júlia Venturi de Souza1; Simone Cristina Padilha Stadinick1; Luis Claudio Hobus1; Samantha Cristine Lopes1; Eduardo Garcia Carvalho1; Maria Eduarda Sborz1; Yasmin Minatti1; Danton Capistrano Ferreira1; Ana Luíza Nardelli-Kühl1

Rev Ped SOPERJ. 2025;25(4):172-177
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INTRODUÇÃO: Os tumores mediastinais são massas neoplásicas que se alojam na cavidade mediastinal. Nesta cavidade, alojam-se estruturas como o coração, timo, traqueia, esôfago, artéria aorta, linfonodos, glândula tireoide e paratireoide. Apesar de raros, os tumores de mediastino na faixa etária pediátrica possuem grande morbimortalidade, sendo em mais do que 60% dos casos assintomáticos.
OBJETIVO: O objetivo geral é relatar um caso de tumor de mediastino com compressão pulmonar em recém-nascido. Este é um estudo observacional e descritivo do tipo relato de caso, realizado a partir de dados de prontuário de um hospital terciário.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente recém-nascido apresentou desconforto respiratório ao nascimento e foi diagnosticado através de exames de imagem com tumor de mediastino, localizado em hemitórax esquerdo. O paciente foi submetido a remoção do tumor no primeiro dia de internação, permanecendo em suporte hemodinâmico, evoluindo a óbito no 6º dia de internação.
DISCUSSÃO: O relato de um caso de tumor mediastinal raro no período neonatal nos alerta sobre a importância de um pré-natal bem-feito. O seguimento com estudo por métodos de imagem realizado por profissionais aptos, a fim de diagnosticar precocemente malformações fetais potencialmente graves e o nascimento ocorrer em local adequado para o acompanhamento necessário, pode reduzir a morbidade e mortalidade neonatal. O presente trabalho foi aprovado eticamente sobre o número de registro 6.146.068 e seguiu os preceitos do CARE Guideline.

Palavras-chave: Pediatria; Neoplasias do Mediastino; Hemangioma